PREPARO
DO CONCRETO
A qualidade das benfeitorias executadas com
concreto não depende apenas das características
dos seus componentes. As sete etapas,
explicadas a seguir, também
contribuem muito para garantir a qualidade e a
economia desejadas.
1-
Dosagem do concreto
O concreto é uma
mistura dos vários componentes, em
determinadas proporções, chamadas de dosagem
ou traço, na linguagem da construção civil.
O traço varia de acordo com a finalidade de
uso e com as condições de aplicação. A
tabela seguinte apresenta os traços mais
adequados para os principais usos no meio
rural. Se nenhum deles se alicar ao seu caso
específico, consulte um profissional
habilitado.
TRAÇOS
DE CONCRETO
Aplicações
Traço
Rendimento por saco de cimento
Para
base de fundações e
1 saco de cimento
14 latas ou 0,25 metros cúbicos
para contrapisos (concreto
8 latas e meia de areia
magro)
11 latas e meia de pedra
2 latas de água
Concreto
para fundações
1 saco de cimento
9 latas ou 0,16 metros cúbicos
5 latas de areia
6 latas e meia de pedra
1 lata e meia de água
Concreto
para pisos
1 saco de cimento
8 latas ou 0,14 metros cúbicos
4 latas de areia
6 latas de pedra
1 lata e meia de água
Concreto
para pilares,
1 saco de cimento
8 latas ou 0,14 mertos cúbicos
vigas, vergas, lajes e
4 latas de areia
produção de pré-moldados
5 latas e meia de pedra
em geral
1 lata e um quatro de água
Atenção:
1)
A lata de medida deve ser de 18 litros.
2) As pedras devem ser 1 ou 2.
2-
Cálculo estrutural
O traço define a
proporção dos componentes do concreto
simples. Caso seja utilizado o concreto
armado, é preciso definir também a posição,
o tipo, a bitola e a quantidade dos
vergalhões que vão compor a armadura. Essa
determinação chama-se cálculo estrutural
e deve ser feita, obrigatoriamente, por um
profissiona habilitado.
3-
Execução das fôrmas
Como já dito, o
concreto é moldável. Por isso, é preciso
prever a montagem dos moldes - chamados de fôrmas,
na linguagem da construção civil. As fôrmas
devem ser muito bem feitas, travadas e
escoradas, para que a estrutura de concreto
tenha boa qualidade e não ocorram deformações
( só para se ter uma idéia, o peso do
concreto é duas vezes e meia maior que o da
água).
As fôrmas também devem ser estanques (sem
fendas ou buracos) para evitar o
vazamento do concreto.
As formas podem ser feitas de diversos
materiais: madeira, alumínio, fibra de vidro,
aço, plástico.
As fôrmas são compostas de 2 elementos:
- o caixão da fôrma, que contém o concreto
e, portanto, fica em contato com ele;
- a estruturação da fôrma, que evita a
deformação e resiste ao peso do concreto.
O caixão da fôrma é feito com chapas de
madeira compensada. Na estruturação podem
ser usadas peças de madeira serrada ou
madeira bruta.
Quanto ao acabamento da superfície, existem
dois tipos de chapas no mercado: plastificadas
e resinadas.
O aproveitamento médio das plastificadas é
de 15 vezes, enquanto o das resinadas é de 4
a 5 vezes.
O travamento e o escoramento das fôrmas
requerem muito cuidado. Dependendo do tamanho
do vão ou do peso do concreto a ser
suportado, é necessário usar peás mais
robustas de madeira serrada, como tábuas,
vigas ou até pranchões. As madeiras brutas
podem substituir as serradas no escoramento e,
eventualmente, no travamento. Mas é
desaconselhável o seu uso em outras funções,
como o encaibramento das lajes, por exemplo.
O travamento, o alinhamento, o prumo e o
nivelamento das fôrmas devem ser conferidos
antes da concretagem, para evitar deformações
no concreto.
As ferramenta necessárias para a execução
de uma fôrma são : serrote, martelo de
carpinteiro, prumo, linha, maangueira de nível
e, eventualmente, uma bancada para
"bater"as fôrmas.
4-
Execução da armadura
A execução da armadura compreende as
seguintes operações: corte, dobramento,
amarração, posicionamento, conferência.
As principais peças de concreto armado das
benfeitorias de pequeno porte têm formato ou
função de : fundações, vigas, pilares,
lajes.
A armadura das fundações das obras de
pequeno porte consiste, em geral, de dois ou
três vergalhões.
Os pilares e as vigas têm armadura composta
de vergalhões longitudinais e estribos.
Estes, mantém os vergalhões longitudinais na
posição correta e ajudam o conjunto a
aguentar esforços de torção e flexão. As
extremidades dos vergalhões longitudinais
devem ser dobradas em forma de gancho, para
garantir sua ancoragem ao concreto.
As lajes concretadas no local têm vergalhões
nos sentidos de comprimento e da
largura,formando uma tela.
O conjunto de pilares, vigas e lages é
submetido ainda a outros esforços. Por isso,
o cálculo estrutural determina também a
colocação de uma armadura
complementar, chamada de ferro negativo.
Em geral, as armaduras são montadas no local
da obra, sobre cavaletes onde os vergalhões
são amarrados uns aos outros com arame
cozido.
Emendas de vergalhões devem ser evitadas.
Caso ejam necessárias, devem ficar
desencontradas (ou desalinhadas). O transpasse
(ou trespasse) da emenda deve ter um
comprimento de oitenta vezes o diâmetro do
vergalhão.
Quando são usadas telas soldadas, uma tela
deve cobrir 2 malhas da outra.
Tanto os vergalhões como as telas devem ser
firmemente amarrados nas emendas.
O concreto resiste bem ao tempo mas a armadura
pode sofrer corrosão se não ficar bem
protegida por uma camada de cobrimento de, no
mínimo, 1 cm de concreto. Para garantir que a
armadura fique a essa distância mínima da
superfície, são usados espaçadores
(pequenas peças de argamassa de cimento e
areia, fixadas na armadura).
As ferramentas necessária para a confecção
de armaduras são: tesourão, serra de arco,
Torquês, alavanca para dobrar, bancada com
pinos.
5-
Mistura do concreto
O concreto pode ser
misturado de três modos: manualmente, em
betoneiras, em usina ( central de concreto ou
concreteira).
- Mistura manual do concreto:
a) Espalhe a areia formando uma camada de uns
15 cm;
b) Sobre a areia, coloque o cimento;
c) Com uma pá ou enxada mexa a areia e o
cimento até formar uma mistura bem uniforme;
d) Espalhe a mistura formando uma camada de
15cm a 20 cm;
e) Coloque a pedra sobre essa camada,
misturando tudo muito bem;
f) Faça um monte com um buraco (coroa) no
meio;
g) Adicione e misture a água aos poucos,
evitando que escorra.
É muito importante que a quantidade de água
da mistura esteja correta. Tanto o excesso
quanto a falta são prejudiciais ao concreto.
Se a mistura ficar com muita água, a resistência
do concreto pode diminuir bastante, porque os
componenentes, em geral, se separam. Ao contrário,
se a mistura ficar seca, ele será difícil de
adensar. Além disso, a peça concretaa ficará
cheia de buracos, com a aparência ruim e com
baixa resistência.
A mistura do concreto deve ser uma tentativa
de acertar o traço a ser adotado nas misturas
seguintes com o mesmo material. Sempre que a
areia, a pedra ou o cimento mudar, será
necessário ajustar o traço novamente.
Caso seja difícil saber, pela observação
visual, se a quantidade de água da mistura
está correta, a solução é alisar a supefície
da mistura com uma colher de pedreiro para ver
o que acontece:
a) Se a superfície alisada ficar úmida,
mas não escorrer água, a quantidade de água
está certa;
b) Se escorrer há excesso de água. Isso deve
ser imediatamente corrigido: coloque mais um
pouco de pedra e areia na mistura e mexa
tudo de novo, até não escorrer mais água;
c) Se a superfície alisada nem ficar úmida,
é sinal de que falta água. Nesse caso,
continue misturando a massa, pois, em geral,
com mais algumas mexidas o concreto costuma
ficar mais mole. Se a mistura ainda ficar
muito seca, adicione cimento e água, na poção
de cinco partes de cimento para cada três de
água. Para isso, use um recipiente
pequeno (por exemplo, uma lata limpa de óleo
de cozinha). Nunca adicione apenas água na
mistura, pois isso diminui muito a resistência
do concreto.
-
Concreto misturado em betoneira
A betoneira é uma máquina que agiliza a
mistura do concreto.
a) Coloque a pedra na betoneira;
b) Adicione metade de água e misture por um
minuto;
c) Ponha o cimento;
d) Por último, ponha a areia e o resto da água.
A betoneira precisa estar limpa (livre de pó,
água suja e restos da última utilização)
antes de ser usada. Os materiais devem ser
colocados com a betoneira girando e no
menor espaço de tempo possível. Após a
colocação de todos os componentes do
concreto, a betoneira ainda deve girar por, no
mínimo, 3 minutos.
Para verificar se a quantidade de água está
correta, pode ser feirto o mesmo teste da
colher de pedreiro, já descrito na mistura
manual do concreto. Se houver necessidade, o
ajuste da quantidade de água deve ser feito
da mesma forma.
Existem no mercado betoneiras com diferentes
capacidades, de produção de concreto. A
maioria é movida a energia elétrica. Essas máquinas
podem ser alugadas ou compradas dos seus
fabricantes ou distribuidores.
As ferramentas necessárias para a mistura do
concreto são: enxada, pá, carrinho de mão,
betoneira, lata de 18 litros, colher de
pedreiro.
-
Concreto misturado em usina (central de
concreto ou concreteira)
O concreto também pode ser comprado pronto, já
misturado no traço desejado e entregue no
local da obra por caminhões-betoneira. Esse
tipo de fornecimento só é viável para
quantidades acima de 3 metros cúbicos e para
obras não muito distantes das usinas ou
concreteiras, por questão de custo.
6-
Concretagem
A concretagem abrange o
transporte do concreto recém misturado, o seu
lançamento nas fôrmas e o seu adensamento
dentro delas. A concretagem deve ser feita no
máximo uma hora após a mistura ficar pronta.
Nessa etapa é importante a presença de um
profissional experiente.
O transporte pode ser feito em latas ou
carrinho de mão, sem agitar muito a mistura,
para evitar a separação dos componente.
As fôrmas devem ser limpas antes da
concretagem. Quaiquer buracos ou fendas que
possam deixar o concreto vazar precisam ser
fechados. Em seguida as fôrmas têm de ser
molhadas para que não absorvam a
água do concreto. Esse não deve ser lançado
de grande altura, para evitar que os
componentes se separem na queda. o certo é
despejar o concreto da altura da borda da fôrma.
A concretagem nunca deve parar pela metade,
para evitar emendas, que ficarão visíveis
depois da desforma.
O concreto deve ser adensado em camadas, à
medida que é lançado nas fôrmas. Isso pode
ser feito manualmente, com um soquete (haste
feita de madeira ou barra de aço) ou com a
ajuda de vibradores elétricos. O adensamento
é necessário para que o concreto preencha
toda a fôrma, sem deixar vazios ou bolhas.
Quanto mais adensado (compactado) for o
concreto, maior será sua resistência e
durabilidade.
As ferramentas necessárias para a concretagem
são: pá, enxada, carrinho de mão, lata de
18 litros e colher de pedreiro.
7- Cura e desforma do concreto
Cura é a fase de
secagem do concreto, na linguagem da contrução
civil. Ela é importantíssima: se não for
feita de modo correto, o concreto não
terá a resistência e a durabilidade
desejadas.
Ao contrário do que se possa pensa, para uma
boa cura não basta deixar o concreto
simplesmente secar ao tempo. O sol e o vento
secam o concreto depressa demais. Na verdade,
ele deve ser mantido úmido por uma semana.
Isso pode ser feito regando o concreto pelo
menos uma vez por dia ou cobrindo a sua
superfície com sacaria ou capim molhados.
Mas cuidado: o concreto fresco não pode ficar
encharcado nas orimeiras seis horas aós a
mistura, quando ainda está mole. Caso haja o
risco de cair uma chuva forte após o término
da concretagem de uma peça de grande superfície,
(uma laje ou um piso) o concreto fresco deve
imediatamente ser coberto com uma lona plástica.
A desforma, ou seja, a retirada das fôrmas,
deve ser feita depois que o concreto atingir
uma boa resistência, geralmente três
dias após a concretagem.
Primeiro, são retiradas as peças laterais,
com cuidado, evitando choques ou pancadas,
para não estragar as fôrmas e para não
transmitir vibrações ou esforços ao
concreto. O escoramento das fôrmas de lajes
ou vigas só deve ser retirado 3 semanas após
a concretagem.
As ferramenta necessárias para a desforma são:
Martelo de carpinteiro, pé-de-cabra e
serrote.