Gastar
mais do que o orçamento inicial de uma reforma ou
construção é praticamente regra no Brasil.
Desperdício de material, então, é outra
constante. Para você não ter surpresas desagradáveis
durante ou ao final de uma obra, é recomendável
solicitar ao profissional responsável um orçamento
detalhado, constando todos os materiais que serão
utilizados e suas quantidades calculadas item por
item.
A
falta de formação técnica de profissionais da
área, como pedreiros e encanadores, faz com que
se cometam erros freqüentes de cálculo. Isso
porque a “prática” ou o “olhômetro” nem
sempre funcionam. Além disso, há outras questões
que influenciam no rendimento dos materiais. O
professor doutor do Departamento de Construção
Civil da Escola Politécnica da USP, Ubiraci
Espinelli Lemes de Souza, alerta que a qualidade
do produto, o cuidado no manuseio e no
armazenamento são os fatores mais importantes.
Entretanto,
segundo ele, o contexto da obra também deve ser
levado em consideração: o período do ano, as
condições climáticas do local, a declividade do
solo, os equipamentos que serão usados e até a
quantidade de mão-de-obra. O cômodo onde será
feita a reforma também pode influenciar na
quantidade necessária de materiais. “Banheiros,
por exemplo, costumam gastar muito mais argamassa
que os dormitórios”, diz Souza.
Pensando
em todas estas variáveis, consultamos
profissionais qualificados e fornecedores de
produtos do setor que explicaram como calcular a
quantidade média dos materiais de construção
mais usados.
Aplique
a fórmula e não corra risco
Uma
pesquisa sobre redução do desperdício de
materiais nos canteiros de obras, feita pelo
Instituto Brasileiro de Tecnologia e Qualidade na
Construção Civil (ITQC) e mais 15 universidades
nacionais, desenvolveu esta fórmula para calcular
o índice de consumo médio de todos os materiais
de construção. “Tendo em vista a porcentagem
de perdas de cada um, o cálculo pode definir a
quantidade de todos os tipos de produtos”,
explica Souza, coordenador da pesquisa. Acompanhe:
Sendo:
IC
= Índice de Consumo, ou seja, a quantidade de
material que deve ser comprada
ICT = Índice de Consumo Teórico, ou a quantidade
de material que cabe exatamente no local onde será
utilizado (prevendo aí a metragem das peças e
dos rejuntes)
Perdas = porcentagem das perdas do material
calculado (os valores de alguns materiais podem
ser encontrados na pesquisa sobre desperdício da
USP, no endereço www.pcc.usp.br/Pesquisa/Perdas).
Abaixo,
a tabela com os dados resumidos dos materiais
estudados na pesquisa:
Material
Perdas
médias (%)
Perdas
máximas (%)
Blocos
e tijolos
13
48
Tubos
de PVC
15
56
Placas
cerâmicas
14
50
Gesso
30
120
Um exemplo:
Para
calcular quantas placas cerâmicas de 19 cm x 39
cm, com 1 cm de rejunte, são necessárias para
cobrir uma superfície (piso ou parede) de 10 m²,
primeiro é preciso calcular o ICT (índice de
consumo teórico). Assim:
Atenção:
não se esqueça de transformar todas as medidas
em metros e somar o rejunte na hora de definir a
área da placa. Com o resultado desse cálculo em
mãos, é hora de descobrir o consumo real do
produto, ou seja, o IC (índice de consumo). Para
isso, verifique na tabela de materiais as perdas médias.
Em seguida, aplique a fórmula:
Resultado:
para cobrir uma área de 10 m², com revestimentos
cerâmicos de 19 cm x 39 cm, você vai precisar
comprar 143 placas.
Fonte:
Portal dos Alunos de Engenharia Civil - FURG